Acontece no APUBH

NADi APUBH entrevistou a professora da UFF, Catharina Marinho Meirelles

“A gente ouve que faltou diálogo, que faltou a participação mais efetiva dos docentes e dos discentes na elaboração e no planejamento desse ensino remoto”, disse  a professora.

 

Na última segunda-feira, 25 de janeiro, o Programa do Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi), do APUBH conversou com a psicóloga e docente da Universidade Federal Fluminense, Catharina Marinho Meirelles. Na entrevista, ela falou sobre a necessidade dos docentes se mobilizarem coletivamente para falar da modalidade de Ensino Remoto Emergencial (ERE) implantado nas universidades em decorrência da pandemia.

Já no início da entrevista, Maria Stella Brandão Goulart, professora do Departamento de Psicologia da FAFICH/UFMG e integrante do NADi APUBH, pediu à Meirelles para falar das relações impostas pelo Ensino Remoto Emergencial e os impactos sobre a saúde, inclusive, a saúde mental, da categoria docente. “Compartilhe conosco como tem sido a sua perspectiva, a sua visão, pensando em como é difícil para o professor, para a professora assumir que está numa situação de sofrimento que não é pessoal, que é uma questão institucional”, pediu.

 

Catharina explicou que Ensino Remoto Emergencial (ERE) materializa algo que já vinha sendo planejado enquanto política para o ensino superior

A professora Catharina começou explicando que o Ensino Remoto Emergencial (ERE) materializa algo que já vinha sendo planejado enquanto política para o ensino superior.   Ela ainda disse que “a forma como o Ensino Remoto Emergencial se deu traz um novo marco para essa categoria (de ensino) e para essa lógica de trabalho”. E completou lembrando que “ele se deu em condições mais precarizadas, porque o docente foi de alguma forma obrigado a se submeter de forma autocrática e unilateral”.

Sobre o processo de implementação do ERE, Catharina falou ainda da pouca ou nenhuma participação dos docentes: “A gente ouve que faltou diálogo, que faltou a participação mais efetiva dos docentes e dos discentes na elaboração e no planejamento desse ensino remoto”. Ela completou destacando que os e as docentes foram obrigados de forma abrupta a readaptarem ou redesenharem o seu modo de trabalho sem nenhum ou pouco suporte.

Neste cenário de mudança laboral, a saúde mental dos docentes também é afetada como bem ressalta a professora. “Adicione-se a isso o fato de que nós, os docentes, estamos vivendo um cenário de caos, de pânico, em que tememos por nossa vida, pela vida dos nossos familiares e amigos, em que perdemos familiares e amigos, vivemos um processo de luto. Então, ao mesmo tempo, em que eu preciso, enquanto docente, me defender do perigo concreto que a pandemia do coronavírus representa, esse docente, nós, precisamos também reconfigurar o nosso modo laboral, nossa forma de fazer”, ponderou.

Catharina alerta que não dá para desconsiderar “essa mudança de chave cognitiva tem tido um efeito muito intenso, um rebatimento muito intenso sobre a saúde desses docentes”.   Por isso, chama atenção para a importância de refletir sobre os efeitos do ERE: “Deu certo o que a gente tem feito? Está funcionando o que a gente tem feito?”, indagou. A professora continuou questionando: “mas a pergunta que não quer calar é:  se deu ou se não deu certo, a que custo? Acho que essa é uma pergunta de partida:  a que custo? Do ponto de vista psíquico:  a que custo as coisas estão funcionando e como estão funcionando? Qual é o gasto energético? Qual é o gasto psíquico? Quais são as consequências desse fazer, dessa nova forma de fazer? De ser docente?  E, certamente, a gente deve (…) considerar todos os envolvidos no processo se chegamos à conclusão de que todos os envolvidos têm sido impactados”, concluiu a professora.

Assista à entrevista na íntegra, no canal do sindicato: https://youtu.be/pLmisJgcEYk

 

Programa do NADi/APUBH

O Programa do NADi/APUBH recebe especialistas da UFMG para conversar sobre a saúde da mente e do corpo da comunidade acadêmica, durante o período de ensino remoto emergencial. A série de vídeos conta com um formato dinâmico, com duração média de 30 minutos. Acompanhe as transmissões ao vivo, às segundas-feiras, às 12h, através do canal do sindicato no Youtube: https://tinyurl.com/canaldoapubh

O APUBH UFMG+ está aberto à categoria para a construção de saídas coletivas. Contribua, compartilhando a sua experiência! Preencha o questionário sobre o trabalho docente no ERE, disponível no hotsite do Núcleo de Acolhimento e Diálogo (NADi/APUBH): https://apubh.org.br/acolhimento/

As denúncias e queixas também podem ser encaminhadas diretamente através do nosso e-mail acolhimento@apubh.org.br