Acontece no APUBH

Live do APUBH discutiu o Ensino Híbrido Emergencial e o Retorno Presencial na UFMG

Análise da proposta do retorno presencial gradual da graduação na UFMG deu a tônica do debate

 

Na última terça-feira, 27 de julho, o APUBH UFMG+ realizou a live “Ensino Híbrido e Retorno Presencial na Universidade: Reflexões Críticas”. Com mediação da professora Maria Rosaria Barbato, presidenta do APUBH, a live contou com a participação das professoras Silvane Aparecida Gomes, doutoranda no Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos/FALE-UFMG, Jane Ventura Miranda, Professora EBTT/UFPE e Dirigente do SINDSIFPE, Flávia Bulegon Pilecco, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFMG e Marcus Vinícius Ribeiro, graduando do curso de Medicina-UFMG e integrante do DAAB e DCE. A live pode ser conferida no canal do APUBH no youtube: https://youtu.be/Z3MQeqSQbKU

Em sua fala inicial, a professora Maria Rosaria Barbato explicou que a live teve como objetivo discutir a proposta de planejamento da universidade, para a oferta e retorno gradual das aulas presenciais dos cursos de graduação no 2º semestre letivo de 2021, mencionando o Ofício Circular nº10/2021/PROGRAD, enviado em 13 de julho (para os diretores de unidades, chefes de departamento e colegiados dos cursos de graduação. A presidenta do APUBH UFMG+ falou ainda sobre a live realizada pela PROGRAD em 21 de julho de 2021, em que foram discutidas as orientações gerais da UFMG para essa retomada. A professora Maria Rosaria Barbato mencionou que Conselho de Representantes do Sindicato tem manifestado um conjunto de questionamentos sobre o retorno gradual das aulas presenciais na UFMG.

A análise de Silvane Aparecida Gomes, doutoranda no Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos/FALE-UFMG, começou pela reflexão sobre os conceitos com os quais os professores têm tentado lidar durante a pandemia: o de ensino remoto e o de ensino híbrido. De acordo com a professora, “nessa mistura de conceitos está o professor muito refém de algumas coisas, de algumas questões sociais”. Ela se propôs a refletir mais profundamente sobre “o que ela acha que está acontecendo em nossa educação hoje e aonde o professor vai se incluir em termos de saúde mental, saúde física e saúde laboral para dar conta de implementar o que as instituições estão requerendo de nós”, disse.

Silvane Gomes explicou que o ensino remoto não é uma modalidade de educação, mas sim, uma estratégia pedagógica. Já o “o ensino híbrido é uma das tendências da educação no século XXI que promove uma mistura entre ensino presencial e propostas de ensino online, ou seja, integrando a educação à tecnologia”. Porém, para ela, o que está sendo feito nas escolas públicas e privadas até o momento, não é ensino híbrido. O que se pensa como ensino híbrido no contexto atual é a transmissão online de aulas dadas presencialmente (aulas expositivas síncronas). Isso é o que tem sido definido como “ensino comodal”.

No ensino comodal, coexistem os modos de ensino presencial e online simultaneamente e o aluno escolhe a modalidade que lhe convém, em uma base semanal. É o aluno que define quais atividades vai realizar de modo presencial ou online, e ao professor, cabe manter uma equivalência das atividades do modo presencial no modo online. Exige salas equipadas para a gravação de aulas presenciais, adaptação de métodos e materiais didáticos para as duas modalidades e equilíbrio entre atividades presenciais e online.   Nessa modalidade, o professor precisa fazer, ao mesmo tempo, a gestão da aula presencial, da aula virtual síncrona e da aula online assíncrona. Segundo Silvane Gomes é necessário pensar como o docente se desdobrará para ministrar as aulas nessas 3 modalidades: presencialidade, sincronicidade e assincronicidade.

Por fim, questiona sobre o que iremos fazer na UFMG: o ensino híbrido, o ensino comodal ou uma nova modalidade que vamos inventar? Diante disso, como fica a autonomia didático-pedagógica do professor e sua carga horária de trabalho? Se os alunos escolhem, como o professor poderá abordar as melhores estratégias para cada conteúdo? Se o professor escolhe, como ficam os alunos que não têm condições de ir à universidade? A ideia é reproduzir o que tem sido feito nas escolas públicas e privadas? Os professores terão apoio técnico e tecnológico para gravar as aulas expositivas presenciais ou transmitir ao vivo? Os professores têm muitas dúvidas sobre que tipo de “modelo híbrido” a universidade pretende adotar. Não está nada claro, finaliza a professora Silvane Gomes.

Live da Prograd 

A professora Jane Ventura Miranda, docente EBTT/IFPE, licenciada em Biologia pela UFMG e Dirigente do SINDSIFPE, trouxe uma análise sobre o “Fórum Integração Docente – Planejando a retomada gradual das aulas presenciais e o ensino híbrido”, realizado no dia 21 de julho de 2021 pela UFMG, para discutir as propostas do “retorno híbrido com segurança e gradual”.

Em sua apresentação destacou inicialmente, a fala da Reitora da UFMG, professora Sandra Goulart que sinalizou a necessidade de retornar as atividades em algum momento e que a instituição apresenta uma proposta que consideram o que seria mais seguro para todos. Jane Ventura chama atenção que “a reitora utiliza o termo “planejamento” no gerúndio para dar ideia de continuidade, de que a proposta não é fixa, não é estável e não está acabada e pronta para ser instalada ad referendum pela instituição”.

Jane Ventura falou, ainda, da necessidade do debate coletivo do retorno presencial híbrido pela comunidade acadêmica com os Colegiados de cursos e os ofertantes (Departamentos), ressaltando, no entanto, o pouco tempo existente para esse debate.  Destacou a situação apresentada na live da universidade no dia 21 de julho, que ela considerou inteligente: “o trabalho presencial a partir de cenários (…) em que se teria apenas o ensino remoto acontecendo; um cenário aonde posso ter 20% de atividade humana dentro do espaço físico e um cenário aonde eu posso ter 40% da atividade humana considerando terceirizados, estudantes, docentes, pesquisadores”, disse.

Um ponto destacado por Jane Ventura é o monitoramento da Covid 19 na UFMG por meio da ferramenta Monitora Covid. “É por meio desse sistema que a UFMG está se balizando para dizer se há ou não controle dentro da UFMG. Se a comunidade da UFMG, desde o primeiro momento, não estiver usando bem o Monitora Covid, vai acabar tendo uma má catação de informação por meio do Monitora Covid, o que compromete a leitura sobre evidência para se falar se está havendo um bom controle dentro da UFMG”, ressalta a professora

A docente destaca que a universidade tem a intenção de colocar “o mínimo de pessoas” nos espaços presenciais. Nesse sentido, “não se trata apenas de considerar o número de servidores e estudantes, mesmo que haja um espaço físico favorável. Deve ser uma conjugação de fatores que leve em consideração a situação particular de cada unidade acadêmica, da cidade e do Estado em relação a Covid-19, como peso para ser pensado no momento do planejamento”, salienta.

Quais são as disciplinas que serão ministradas/ofertadas no próximo semestre? Serão ofertadas remotamente ou presencialmente? As disciplinas serão ofertadas de forma presencial o tempo todo ou de forma parcial? Existe estrutura física para as aulas presenciais? Seriam aulas para os primeiros períodos, em que os estudantes não tiveram uma experiência de universidade e, portanto, um comprometimento no sentimento de pertencimento à UFMG ou seria apenas para os estudantes que estão se formando sem o contato com os professores? Quem terá a preferência no retorno presencial na UFMG?

A professora Jane Ventura destaca na fala da professora Andrea Motta, a referência inicial de que a “retomada de atividades acadêmicas curriculares (AA) presenciais deverá ser gradual, pois não há perspectiva de um retorno pleno a partir de uma data específica ou de um cenário ideal”.

Ainda na fala da professora Andrea Motta, Jane Ventura destaca a passagem em que diz que a “transição proposta do remoto para EHE na Etapa 1, tem como finalidade promover o início de algumas atividades presenciais, gerando conhecimentos e experiências, para que haja adaptação progressiva às medidas de biossegurança e monitoramento em cada Unidade”. Fala-se que as disciplinas teóricas pensem fortemente em retornar com os estudantes seguindo o protocolo de segurança, pois assim, a universidade pode averiguar se os protocolos de segurança estão funcionando e se consegue avançar. A professora Jane Ventura indaga “se não estão fazendo um experimento humano com todos nós dentro da universidade”. Indaga ainda: “como participar desse experimento humano que a universidade está propondo sem o consentimento de professores, estudantes e técnicos administrativos”. Salienta que “não há no Brasil dados sobre a transmissão do Covid dentro do espaço educacional e como podemos fazer esse controle”.

A professora Jane Ventura destaca ainda, que o monitoramento é muito importante. Nesse sentido ressalta que “os membros da comunidade acadêmica ou rechacem completamente o Monitora Covid ou façam uma adesão de forma muito forte ao Monitora Covid, pois a universidade vai dizer que está fazendo um controle melhor que a sociedade externa à universidade”. Finaliza, levantando o questionamento se à comunidade acadêmica poderá fazer a alteração nos protocolos de segurança na universidade e até interromper determinada atividade. Para a professora, é preciso que nós, “que dermos consentimento a experiência humana do retorno presencial, podemos romper com isso a qualquer momento”. É responsabilidade da universidade garantir a segurança, pedindo o retorno ao espaço de segurança. “Havendo surto em algum departamento, o sindicato deve agir imediatamente solicitando o fechamento das atividades naquele departamento, laboratório. Se há evidência, fechar o Departamento, talvez com uma greve sanitária para um Departamento, um laboratório ou salas de aula”.

Dados epidemiológicos

Na esteira dessa análise, a professora Flávia Bulegon Pilecco, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da UFMG disse que a variante delta do coronavírus já atinge 20% da população do Brasil, e se trata de uma variante que salta entre pessoas com muito maior facilidade – em torno de dez segundos é o tempo suficiente para uma pessoa ser contaminada. Por isso, é uma variante que atinge rapidamente a população. Há no mundo, exemplos de países que estão com a pandemia melhor contida do que nós e que, nesse momento, com a chegada da variante delta planejam retroceder nas medidas protetivas para tentar conter o avanço dessa variante, a exemplo de Portugal. No Brasil, informa a professora, que hoje estamos com uma taxa de cobertura vacinal muito baixa. Para a primeira dose tem-se a cobertura de 50% da população; para a segunda dose da vacina, que dá a completude do esquema vacinal, estamos numa situação pior, com um pouco menos de 20% da população do Brasil vacinada. O problema desse cenário em relação a variante delta, adverte a docente, é que precisamos ter o esquema vacinal completo. Estudos tem mostrado que uma dose da vacina não é suficiente para proteger de maneira ampla a população contra a variante delta.

Dados do Observatório do Monitora Covid da Fio Cruz indicam que, considerando o ritmo de vacinação dos últimos 30 dias no Brasil, hoje levaríamos 163 dias para vacinar toda a população com a primeira dose e 359 dias para vacinar toda a população com a segunda dose da vacina. Parece que não vamos finalizar até o fim do ano o esquema vacinal, mantendo o atual ritmo, salienta a professora. Para Minas Gerais, a cobertura da população com a primeira dose levará 114 dias, e 389 dias para a segunda dose da vacina, mantido o atual ritmo. Acrescido a esse cenário, destaca a professora Flávia Pilecco, a imprensa nacional informou que nove capitais no país, em 27 de julho, suspenderam a vacinação da primeira dose por falta de imunizante, o que, possivelmente, alterará os cenários temporais da cobertura vacinal.

A UFMG, embora diga que segue os protocolos e dados epidemiológicos, salienta Flávia Pilecco, na verdade segue o cronograma da universidade. Por que não esperamos todos se vacinarem? Porque não nos orientamos pelos padrões e cenários epidemiológicos para pensar o retorno presencial das aulas; há outros interesses atravessados nesse retorno, considera a professora. Alguns especialistas, a exemplo de Pedro Hallal, autor da maior pesquisa epidemiológica sobre Covid-19 no Brasil, considera que podemos projetar um cenário de melhora da pandemia entre novembro e fevereiro de 2022, a depender da entrada da variante delta no país, da manutenção do ritmo de vacinação e da adesão ampla aos protocolos de segurança preconizados pela OMS.

A professora Flávia Pilecco aponta que, para um retorno presencial seguro das aulas, a gente enquanto sindicato tem que garantir: i) vacinação para todos e todas; ii) o fornecimento de máscaras e álcool em gel; iii) ventilação adequada; iv) testagem dos suspeitos e monitoramento dos contados (Reino Unido propõe ofertar testes para o(a)s assintomático(a)s duas vezes por semana). A professora alerta ainda, sobre o não fornecimento de EPI pela universidade (máscaras PFF2 e face shields), colocado como uma responsabilidade de cada um. O plano de retorno gradual propõe que os gestores é que irá fiscalizar o uso da máscara na entrada nas Unidades, e quem fará a fiscalização no restante do tempo, pensando que há negacionistas em todos os segmentos da população, questiona a professora? Vamos aceitar a universidade não fornecer EPI’s para todos e todas? Desde o início da suspenção das aulas presenciais na UFMG em março de 2020 em função da Covid-19, os docentes e técnicos administrativos custearam os computadores, a internet, a luz e agora os EPI’s? Até quando vamos aceitar, pergunta a professora.

Flávia Pilecco faz também uma reflexão crítica em relação ao Monitora Covid. Para ela trata-se de uma ferramenta interessante, mas, “no momento em que ela funciona a partir do acesso voluntário dos sujeitos a gente não pode falar sobre incidência, porque a gente não sabe para qual população está generalizando esses dados. Não se pode falar em incidência se a gente não tem uma população de base. A população que acessou pode ter sido muito enviesada.  Sem uma testagem mais ampla não se pode falar em incidência”, explicou. Para a professora, é necessário ponderar se uma base de dados alimentada de forma voluntária pelos infectados pode ser considerado realmente uma fonte de dados confiável.

Discentes e a proposta de volta às aulas 

Marcus Vinícius Ribeiro, graduando do curso de Medicina pela UFMG e integrante do DAAB e DCE, apresentou o ponto de vista dos discentes da universidade e as dificuldades encontradas para a retomada gradual das atividades presenciais na graduação.  Para ele, o debate é “desafiador e existem dimensões técnicas e outros atravessamentos” que, necessariamente é político. Numa “conjuntura que o governo Bolsonaro fez e faz uma condução da pandemia negacionista, anticiência com mais de 540 mil mortes. É também pensar que se insere em disputas mais amplas em torno de um projeto de educação pública e de ensino público em nosso país” salienta o discente.

Dentre os desafios apontados, destacam-se na fala de Marcus Vinícius Ribeiro a questão da estrutura digital, em que o “acesso não é um direito universal no Brasil para os trabalhadores (os professores e técnicos administrativos que tiveram que comprar ou adequar seus equipamentos), e não é direito dos estudantes que tem as políticas estudantis (…) residuais, a exemplo da lei orçamentária  recente que encolheu num cenário de grande vulnerabilidade da população e, ao mesmo tempo, o corte de 6,5 milhões de reais do PNAE no caso da UFMG, ainda que recompondo parcialmente com recursos internos, o corte líquido na política de assistência estudantil na prática encolheu em 23% o orçamento.” A maioria dos estudantes seriam expostos no caminho para a universidade e sem o fornecimento de EPI’s pela instituição. Marcus Vinícius Ribeiro, aponta que é dever da UFMG garantir EPI para todos. É política universal! “Se é a Universidade que está promovendo a exposição é papel da universidade criar políticas de proteção”, destaca o discente.  O estudante aponta também que há necessidade de reativação do bandejão com todos os cuidados.

Os discentes “sabem que há uma pressão da sociedade para que as universidades retornem presencialmente, mas é preciso pensar que as universidades públicas têm sido o setor mais responsável ao longo desse processo, e não é agora que vamos abrir mão disso”.  Isso significa “que se vai discutir qualquer mudança importante como esta que está em curso, ao não se colocar na centralidade a dimensão da equidade dessa educação e quem se está deixando para trás quando a gente escolhe fazer as mediações da crise que o governo Bolsonaro instituiu como projeto, nós estamos deixando de lado esse projeto que é tão caro para gente”.

O plano de retorno presencial divulgado pela PROGRAD está atrelado a indicadores epidemiológicos que consideram as ondas da cidade e do Estado, e na fase 1 e 2 não considera a vacinação. Essa questão para os discentes motivou a preparação da carta do DCE pautada em três eixos: i) nenhuma vida a menos; ii) ensino híbrido só com garantias; e iii) trancamento não é política de permanência.

Nenhuma vida a menos, salienta o discente, “é quando se fala nos aspectos da testagem; as contradições do Monitora-Covid; a atuação na prática dos estudantes da Medicina em 2020/2 sem vacina, ter que pegar ônibus lotado e MOVI sem janela; a Faculdade de Medicina que deu 5 unidades de PFF2 no semestre passado e neste semestre deu 2 unidades. Como falamos de boas práticas quando falamos disso?”, questiona.

Os estudantes querem retornar às atividades presenciais. Consideram o ERE muito ruim, uma vez que precariza a prática docente, o processo ensino-aprendizagem e o processo educacional como um todo. Porém, reafirma o discente, “é imprescindível levar em conta a minoria numérica que é tão importante quanto a maioria numérica que tem acesso. Desde 2020, quando se falava que nenhum estudante podia ficar para trás, o mesmo se aplica agora: estudantes já ficaram para trás. A taxa de evasão aumentou, o número de trancamento aumentou e, por isso que se fala que trancamento não é política de permanência”.

Se os EPIs não serão distribuídos amplamente, no máximo para os estudantes FUMP, “quando pensamos em estudantes mais vulneráveis ao Covid, tais como estudantes que tem obesidade e doenças raras?” Marcos Vinícius Ribeiro salienta que “deixar para trás as pessoas que tão recentemente lutamos para incluir é uma perda imensurável. Retrocesso na ideia de universidade que se acredita!”

Outro aspecto que está no documento da Reitoria é sobre a necessidade do debate amplo. Nas Congregações, nos Comitês de Enfrentamento do Covid, nos Colegiados e nas Câmaras Departamentais os estudantes são minoria e em muitos desses espaços não há representação estudantil. “Qual a real participação dos estudantes nesse processo se a discussão acontece nos espaços de representação que são desfavoráveis aos estudantes? Como isso é ouvir de fato as demandas dos estudantes nessa elaboração que se pretende ser coletiva?”

Marcus Vinícius Ribeiro lembra que na implementação do ERE houve uma ampla consulta na UFMG sobre infraestrutura digital e apontava-se naquele momento sobre a necessidade de busca ativa. “Os mais de 9.000 estudantes que não responderam ao questionário, provavelmente eram o estudante que precisávamos atingir”, salienta o discente. Há muitas perguntas que precisam ser feitas para o planejamento pedagógico.

“A ampla maioria dos estudantes não moram em Belo Horizonte e em Minas Gerais. Precisa voltar para Belo Horizonte em qualquer cenário? Isso importa: o estudante vai voltar para ter uma aula por semana? O apartamento que morava foi vendido, o aluguel foi desfeito, não tem como alugar”.

Marcus Vinícius Ribeiro reafirma que “somos cursos presenciais na universidade; não queremos o ERE nos currículos, mas não são os estudantes que querem pagar a crise imposta pelo governo Bolsonaro para fazer a gestão”, mediando com o seu direito, o direto do professor, o do técnico administrativo, e os terceirizados abandonados, fazendo trabalho em dobro e usando “máscara de pano, todos os dias na segurança e limpeza da universidade”.

Como ficam as avaliações e a frequência? O encontro presencial precisa ser valorizado, e como fica para o estudante que não puder comparecer? Trancamentos precisam ser mantidos. E o estudante indígena e quilombola, o estudante que vive violência dentro de casa? A Universidade tem poucas respostas. O RSG continua sendo o critério de exclusão. É esse cenário que rejeitamos e não do planejamento e debate para o retorno gradual com segurança, finaliza o discente.