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Dia do Professor e da Professora: uma data a comemorar?

Ensino remoto emergencial, ensino híbrido, pandemia da  Covid 19, adoecimento e esgotamento mental, perda de bolsas de pesquisa, cortes nos investimentos nas universidades, em ciência e em tecnologia.  É em meio a esse cenário nebuloso que se “comemora” o dia nacional do Professor e da Professora.

O Dia 15 foi declarado feriado escolar pelo Decreto nº 52.682 de 14 de outubro de 1963, cujo artigo 3º diz que “para comemorar condignamente o dia do professor, aos estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias”. Entretanto, os e as docentes, as escolas e universidades têm pouco a comemorar na atual conjuntura política e econômica.

Desde o início da gestão Bolsonaro são centenas, para não dizer milhares, de ataques à educação tanto do governo quanto de seus seguidores. São muitos também os episódios de perseguição aos docentes que “ousaram” em sala de aula ou em redes sociais demonstrar o seu descontentamento com o governo e sua necropolítica. Recentemente, o presidente afirmou que o excesso de professores atrapalha. Atrapalha a quem? Somente a quem interessa um país de ignorantes, de uma massa acrítica e que acredita piamente na avalanche de fakenews sobre a vacina, maconha e comunistas nas universidades.

Não tem ajudado aos professores e as professoras o fato de que o Ministério da Educação não teve até hoje um ministro à altura da pasta. De Abraham Weintraub à Milton Ribeiro o que se assiste é um crescente desmonte da educação pública brasileira em todos seus níveis, com reflexos cada vez mais nefastos sobre a rotina de trabalho da categoria.

E o que dizer da EC 95 que limitou os gastos em saúde e educação? E da PEC 32, a famigerada reforma Administrativa? A primeira representou um prejuízo sem correspondência na história recente para a educação e a pesquisa brasileiras. Já a segunda simboliza a morte do serviço público.

E,  tem sido  nesse cenário de sucateamento e de crise na educação, que a pandemia da Covid 19 chegou e provocou uma mudança repentina no “ser professor” e em seu “fazer laboral”. De repente, os professores e as professoras tiveram que usar a infraestrutura de casa para trabalhar, utilizar seus próprios equipamentos, pois a universidade não tinha como disponibilizá-lo para todos os professores e professoras. Passou-se a ter gastos com internet, com energia elétrica, compra de computadores, telas, câmaras e ter-se necessidade de aprender novas habilidades e procedimentos técnicos e pedagógicos para dar conta das demandas das aulas online. Tudo isto aumentou a pressão no trabalho, o estresse, o esgotamento físico e mental, a angústia com a pandemia, a preocupação com a interrupção de pesquisa por falta de verbas, entre outras questões que assolam a vida dos professores e professoras. .

Apesar dessa nebulosa situação, os professores e as professoras não se furtaram a cumprir o seu compromisso de ministrar aulas, fazer pesquisa, realizar as atividades de extensão e de administração. No regime remoto, os docentes trabalharam em jornadas mais exaustivas que as presenciais, considerando que o tempo da máquina não é equivalente ao tempo da vida no seu transcurso cotidiano. As professoras e professores estão cansados, mas nunca abandonam a sala de aula, função precípua do trabalho docente. São merecedores de salários dignos, respeito, liberdade de cátedra, condições dignas de trabalho.

 

APUBHUFMG+ – Sindicato dos Professores da Universidade Federal de Minas Gerais e Campus Ouro Branco/UFSJ – Gestão Travessias na Luta – 2020/2022