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Contato com discentes é gesto de solidariedade em tempos de coronavírus

Enquanto o mundo se debate em busca de respostas sanitárias, econômicas e sociais para enfrentar a pandemia da Covid-19, a educação permanece uma questão em aberto. Sem a perspectiva de uma solução correta, algumas instituições têm adotado aulas à distância, um método aprovado e criticado por muitos. No caso da UFMG, a Câmara de Graduação decidiu em unanimidade suspender ambas aulas presencias e à distância. A decisão se baseia na heterogeneidade do corpo discente da UFMG, que se diversificou após a adoção de cotas, que poderia comprometer a aprendizagem como um todo, devido a diferentes níveis de acesso à tecnologia, além de fatores sociais e econômicos.

No entanto, a falta de aulas e a imposição do distanciamento social não significa a ausência do contato docente-discente. Diversas iniciativas docentes incentivam a interação entre professoras/es e estudantes durante esse período de quarentena.

Ações como o projeto BelimBeleza, do professor da UFMG e pró-reitor de Assuntos Estudantis Tarcísio Mauro Vago, e o Quarentena.bis, do coletivo Ananda e da professora da UFMG Anamaria Fernandes Viana, vêm buscando estabelecer diálogo entre a comunidade acadêmica, criando um espaço de apoio para mitigar os impactos do distanciamento social.

Mas nem todas as ações precisam vir de projetos estruturados. A professora da FaE/UFMG e membro da diretoria do APUBH, Analise da Silva,  relata a própria experiência, que vem acontecendo através da plataforma Moodle, utilizada como apoio didático na UFMG. Segundo ela, Segundo ela, as interações não têm objetivo avaliativo e nem de frequência.. “Entro em contato com as turmas pelo Moodle, duas vezes por semana, sem dias definidos. Pergunto aos estudantes como estão, onde estão, o que está acontecendo”. Com essa experiência, Analise estabelece diálogo com os estudantes, enquanto fica a par de suas condições de acesso à informação e enfrentamento da pandemia. “Existem estudantes que não têm condições de estar conectados à Internet; às vezes moram no interior e só conseguem me responder quando visitam o centro de uma cidade, onde pega sinal”. Segundo dados do IBGE de 2016, 6,5 milhões de pessoas em Minas Gerais não têm acesso autônomo e constante à Internet.

A situação dos discentes é diversa e multifacetada nesse período de quarentena. Alguns estão enfrentando dificuldades econômicas, não puderam voltar à casa de seus parentes e permanecem na capital, ou mesmo têm filhos e precisam conciliar afazeres domésticos com estágios ou trabalho. Essas realidades nem sempre são visíveis, e agora ficam ainda mais escondidas. Por isso, a professora Analise propõe aos colegas docentes que construam redes de apoio com os estudantes: “Sugiro que façam contato com os alunos neste período, seja através do Moodle ou de outros meios. É importante deixar claro que não se trata de uma atividade avaliativa, que foi vetada pela Câmara de Graduação, mas sim um gesto de solidariedade. . Perguntem como estão, onde estão, como são as situações dos estudantes”.