Acontece no APUBH

Sofrimento e adoecimento de docentes são debatidos em roda de conversa na APUBH

Dando prosseguimento a uma iniciativa da Diretoria Setorial de Saúde e Qualidade de Vida, foi realizada a 2ª Roda de Conversa sobre Saúde Mental e Qualidade de Vida, no dia 12 de novembro, na sala de Reuniões Elias Antônio Jorge, na sede da APUBH. A atividade contou com a participação especial do professor Luiz Carlos Brant Carneiro, da Escola de Enfermagem da UFMG.

Os presentes identificaram que, entre os principais problemas que afetam a saúde mental e qualidade de vida das professoras e dos professores, estão a solidão, a pressão gerada pelas exigências de produtividade e excesso de demandas e competição, entre outros fatores a serem investigados.

Sofrimento, valorização da vida e adoecimento

O professor Luiz Carlos Brant Carneiro questionou os conceitos de saúde e doença mental, a ideia de qualidade de vida. Ele apontou a manifestação do sofrimento como algo próprio da condição humana e que, portanto, deve ser analisada sob essa perspectiva. O professor e psicanalista entende que é necessário compreender as especificidades do sofrimento, para além do adoecimento: “Precisamos sair da questão da saúde mental e começar a discutir sofrimento. Deixar de discutir qualidade de vida e começar a discutir a vida”.

Em sua fala, ele comentou como o sofrimento afeta a classe trabalhadora, especialmente a categoria docente, e os casos de afastamento por adoecimento psíquico. Segundo ele, as manifestações individuais de sofrimento dos trabalhadores devem ser analisados por uma perspectiva coletiva, pois se tratam de um alerta para a necessidade de operar transformações e mudanças do entorno.

Prof. Brant abordou ainda a tendência atual nos tratamentos médicos à indução de terapêutica através do uso de psicofármacos. De acordo com ele, do ponto de vista empresarial, essa tendência presta-se aos interesses econômicos da indústria farmacêutica e à lógica do controle e segregação. Isso pode se prestar, ainda segundo ele, a silenciar a classe trabalhadora, pois afasta os sujeitos de seus pares e campo de vida e atuação, assim como encobre as questões interpessoais mais complexas.

“A transformação do sofrimento em adoecimento constitui uma quebra da organização política dos trabalhadores”, definiu o professor. Para o especialista, trata-se de uma medida disciplinar, com o propósito de estabelecer uma sociedade de controle. “Na manifestação do sofrimento, na medida em que ele não é reconhecido na sua importância, ele é tamponado pelo adoecimento e pela medicalização, e o trabalhador é retirado da sua situação de sujeito para ter a situação de paciente”.

A 3ª Roda de Conversa sobre Saúde Mental e Qualidade de Vida dará continuidade a esta discussão sobre a realidade docente: sofrimentos e vida. Serão delineados projetos de pesquisa e ação. Este próximo encontro, aberto a participação de todas e todos os docentes, será realizado no dia 26 de novembro de 2018 (segunda-feira), às 17h, na sala de Reuniões Elias Antônio Jorge, na sede do sindicato.