Acontece no APUBH

Categoria docente da UFMG se mobiliza em defesa do Futuro da Educação no país

Em assembleia convocada pelo Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco – APUBH que representa as professoras e os professores da UFMG e da UFSJ (Campus Paraopeba), os docentes presentes aprovaram a publicação de Manifesto Público e definiram uma agenda de mobilizações em defesa da Universidade Pública e Gratuita e da Democracia. Confira abaixo o documento na íntegra.

A assembleia ocorreu nesta terça-feira, 23 de outubro de 2018 e teve como pauta única: a sobrevivência das universidades públicas. Vários docentes alertaram para a grave situação política do país e com a crescente ameaça à democracia, à Constituição Brasileira e à manutenção da Universidade Pública. Nas falas também foi marcante o repúdio ao discurso de ódio e de cerceamento às liberdades individuais que já se faz presente, inclusive, dentro da universidade.

Essa preocupação foi sustentada pelo resgate de acontecimentos recentes na UFMG, tais como a pichação de uma suástica no banheiro do CAD3 (Centro de Atividades Didáticas), várias agressões verbais contra negros, estudantes cotistas e LGBTQI+, bem como a invasão de um laboratório do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) por um funcionário terceirizado que intimidou uma professora e sua equipe exigindo a retirada de um adesivo em defesa da democracia e contra o fascismo.

Ao final da Assembleia, as professoras e os professores decidiram apoiar um calendário de mobilização de três dias (24 a 26/10) em defesa do direito à Educação Superior, bem como das atividades de Pesquisa e Extensão universitária. Nesse período, recomendaremos aos colegas, que não puderam estar presentes à assembleia, a não realização de atividades avaliativas e o abono das faltas dos estudantes que participarem do calendário de mobilização.

O calendário foi construído em Plenárias em defesa da Universidade Pública e Gratuita realizadas na última semana com a presença de servidores docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes. As Plenárias aprovaram a publicação de um manifesto assinado pelos três segmentos em jornal de grande circulação e a participação em um ato na sexta-feira: uma caminhada pelas unidades acadêmicas que terá início às 9h, na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO). Foi definida ainda a recomendação de que as professoras e os professores leiam e discutam com as/os estudantes o Manifesto em defesa da universidade Pública e Gratuita aprovado na assembleia.

 

Confira o Manifesto: 

 

Manifesto Público dos e das Docentes da Universidade Federal de Minas Gerais e do campus Ouro Branco da Universidade Federal de São João del Rey

 

Estamos em um momento crítico em nosso país. Ameaças à democracia e ao reconhecimento dos direitos humanos tomam corpo e se apresentam neste período eleitoral para escolha da presidência da República.Uma das candidaturas está calcada em um programa de redução das garantias fundamentais, em especial, no que tange à educação – pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade social – para todas e todos. Soma-se a isso o fomento ao discurso de ódio alimentado por declarações de desrespeito e intolerância à diversidade e de apologia à violência, potencializando o terror contra todos aqueles que ousarem a discordar do governo.

Reunidos em assembleia realizada no dia 23 de outubro no campus Pampulha da UFMG, manifestamos nosso repúdio a essas ameaças, bem como à possibilidade de destruição da Pesquisa, do Ensino, da Extensão, enfim, da Educação Superior Pública como direito.Reafirmamosnossa defesa da Universidade pública, autônoma, gratuita, de qualidade social, laica e democrática. Noscomprometemos com a Constituição de 1988 e nos declaramos em oposição a todas as ditaduras.

O capitalismo vive uma crise internacional que destrói as democracias pelo mundo. Nesse processo os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores são retirados, aumentando a pobreza e concentração de renda e poder.

Reafirmamos a necessidade da ampliação e do fortalecimento de todas as ações e políticas que digam respeito às especificidades da educação contempladas pela atuação da Universidade Pública, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Essas especificidades incluem a educaçãode jovens, adultos, idosos, educação no campo, educação quilombola, educação especial em uma perspectiva inclusiva, educação indígena, educação de pessoas em situação de itinerância, educação de pessoas LGBTQIA+ e educação para indivíduos em situação de privação de liberdade.

Lutar pela democracia inclui lutar pela educação pública, gratuita, laica, inclusiva e de qualidade social, desde a educação infantil até a pós-graduação. Qualquer discussão sobre políticas educacionais só faz sentido e só terá efetividade a partir do momento em que se assegurar os princípios democráticos.  Apontamos para a unidade dos movimentos sociais e sindicais contra a ofensiva fascista.

Tornamos público nosso apoio ao candidato à presidência cujo programa se comprometa com: os princípios democráticos; a manutenção do décimo terceiro, do adicional de férias e de outros direitos trabalhistas; a manutenção das cotas raciais e sociais na Universidade pública; a imediata revogação da Emenda Constitucional 95, a recomposição do financiamento federal da ciência, tecnologia e inovação; a meta de 2% do PIB para investimentos em ciência e tecnologia; a meta 10 % do PIB para investimentos em educação;o fortalecimento e a recomposição dos orçamentos das Universidades Públicas;o retorno do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI);a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS);a liberdade de expressão, ensino, pesquisa e autonomia curricular das universidades públicas; a defesa dos mecanismos democráticos de decisão e eleição das administrações universitárias;a autonomia,a gratuidade da Universidade pública e contra qualquer privatização das instituições federais de educação nos segmentos superior e básico;o fortalecimento do sistema de previdência e o arquivamento da reforma da previdência do governo Temer.

As professoras e os professores reunidos na presente data consideram agir coerentes aos interesses imediatos e históricos da sua categoria e do interesse público. Chamamos a adesão dos colegas na ampla divulgação deste posicionamento público em defesa da Universidade junto a sociedade!

 

 Belo Horizonte, 23 de outubro de 2018